sábado, 18 de maio de 2013

O amigo invisível do Garotinho...



O empresário George Augusto Pereira tem negócios milionários com o deputado e seu partido. Só tem um detalhe: ele não existe

Passava de 8 horas da noite da segunda-feira, dia 29 de abril, quando o deputado Anthony Garotinho subiu à tribuna da Câmara bufando. Líder do Partido da República (PR), ele precisava dar explicações convincentes aos colegas deputados e, principalmente, a seus eleitores do Rio de Janeiro. Dois dias antes, ÉPOCA revelara um esquema de desvio de dinheiro público que envolve a família Garotinho e o PR no Rio. Na tribuna, Garotinho saiu em defesa de uma empresa que tem negócios com seu gabinete na Câmara, com a prefeitura de Campos dos Goytacazes, comandada por sua mulher, Rosinha Garotinho, e com seu partido. Trata-se da GAP Comércio e Serviços Especiais, uma locadora de veículos próxima à família Garotinho. A sigla GAP reproduz as iniciais de seu dono, o empresário George Augusto Pereira. Documentos obtidos por ÉPOCA – reproduzidos abaixo – mostram que George Augusto não existe no mundo das pessoas de carne e osso. Num universo em que tantos escândalos trazem à tona laranjas, Garotinho inovou ao colocar em cena um fantasma. Como tantos garotinhos, o deputado do Rio de Janeiro tem um amigo invisível.

A relação entre Garotinho e a GAP é antiga. Logo que tomou posse em 2011, ele alugou um carro da GAP, um Ford Fusion 2011, usando verba da Câmara. O automóvel estava destinado a seu uso pessoal em Brasília, durante o exercício da atividade parlamentar. Na mesma época, em junho de 2011, Wladimir Matheus, filho de Garotinho, destruiu contra um muro um Ford Fusion 2011, avaliado em R$ 80 mil. Era o mesmo carro alugado por Garotinho com dinheiro da Câmara? Segundo ele, não. Foi uma coincidência. Na ocasião, ÉPOCA procurou George Augusto por telefone. Em entrevista gravada, um homem que se apresentou como ele disse que emprestara o carro a Matheus e que nada cobraria do rapaz, por se tratar de “um amor de pessoa”. Afirmou ainda que o prejuízo com acidentes “fazia parte de seu negócio”. George Augusto parecia mesmo ser amigo da família, notadamente da prefeita Rosinha. A GAP tem um contrato milionário com a prefeitura de Campos para alugar ambulâncias ao município.

Nos papéis da Junta Comercial, George Augusto Pereira detém 99,8% das ações da GAP, cujo nome reproduz suas iniciais. As provas de que ele não existe são abundantes. ÉPOCA obteve cópia da carteira de identidade usada por George Augusto Pereira. O documento contém uma falsificação grosseira. De acordo com o Instituto de Identificação Félix Pacheco, o número do RG e a data de expedição da carteira não são de uma pessoa chamada George. Eles correspondem a uma mulher paraibana, de 48 anos de idade, moradora de um bairro pobre de São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Entrevistada por ÉPOCA, Josefa Gomes dos Santos Carvalho disse que não entende como outra pessoa pôde usar seu RG, pois nunca perdera o documento. George Augusto Pereira não tem RG – e esse não é o único papel que lhe falta. George tem caminhonetes de luxo e multas de trânsito, mas não carteira de habilitação. No último dia 6 de maio, ele completou 42 anos de idade, mas nunca tirou título de eleitor.

Uma coisa na vida de George é assombrosamente real: o dinheiro que irriga as contas da GAP. Para abrir uma conta no banco, George precisava de um CPF – e um CPF foi tirado, a partir do documento de identidade falso. O mesmo CPF aparece na sua declaração de Imposto de Renda. ÉPOCA obteve o documento relativo ao exercício de 2011, que informa uma renda anual de apenas R$ 23 mil – e não lista nenhum bem patrimonial. Se existisse, George seria um sonegador. Os ativos de sua empresa somam R$ 5,5 milhões, a GAP já recebeu R$ 32 milhões da prefeitura de Campos e ainda tem um contrato de R$ 15 milhões em vigor com o município. Nada disso está declarado. Em agosto de 2011, o Ministério Público do Rio apontou uma fraude na contratação da GAP pela prefeitura, com favorecimento na licitação e pagamento de valores superfaturados.

Quando surgiram os documentos revelando que George não existia, ÉPOCA resgatou a gravação de uma entrevista concedida pelo empresário sobrenatural em junho de 2011. A ligação foi atendida, na ocasião, por uma secretária, que transferiu a chamada para um homem de voz rouca. Para esclarecer o mistério do telefonema de George, ÉPOCA pediu que o perito Ricardo Molina analisasse a voz da pessoa que telefonou fazendo se passar pelo dono da GAP. Havia outro áudio para uma comparação. No mês passado, ÉPOCA gravou uma entrevista por telefone com Fernando Trabach Gomes, que prestou serviço para a campanha do partido de Garotinho em 2010. Durante a conversa, Trabach se identificou como diretor comercial da rede Metta Postos, fornecedora de combustível para a campanha do PR. De cara, chamou a atenção que a secretária de Trabach era a mesma que anotara o recado para George em 2011.

The Invisible Friend's Little ...

The entrepreneur George Augusto Pereira has business millionaires with the Member and his party. Only one detail: it does not exist

It was past 8 pm on Monday, April 29, when Deputy Anthony Little took the podium of the House snorting. Party Leader of the Republic (PR), he needed to give convincing explanations to fellow members, and especially the voters of Rio de Janeiro. Two days earlier, TIME revealed a scheme to misuse of public money that involves family and PR in Little River On the pulpit, Little came to the defense of a company that does business with his office in the House, with the city of Goytacazes, led by his wife, Rosie Little, and his party. This is the GAP Trade and Special Services, a car rental agency near the Little family. The acronym GAP reproduces the initials of its owner, businessman George Augusto Pereira. Documents obtained by TIME - reproduced below - show that George Augusto does not exist in the world of people of flesh and blood. In a world where so many scandals bring up oranges, Little innovated by staging a ghost. Like many little boys, the deputy of Rio de Janeiro has an invisible friend.

The relationship between Little and the GAP is old. Soon he took office in 2011, he rented a car from GAP, a Ford Fusion 2011, using funds from the Chamber. The car was intended for his personal use in Brasilia, during the exercise of parliamentary activity. At the same time, in June 2011, Wladimir Matheus, son of Little, destroyed a wall against a Ford Fusion 2011, valued at £ 80,000. It was the same car rented by Little House with money? According to him, no. It was a coincidence. At the time, George Augusto SEASON sought by telephone. In a taped interview, a man who introduced himself as he said he had lent the car to Matheus and that nothing would charge the guy, because it was a "lovely person." He said the accident with injury "was part of your business." George Augustus seemed even be a friend of the family, especially the mayor Rosie. The GAP has a lucrative contract with the city of Campos to rent ambulances to the municipality.

The roles of the Board of Trade, George Augusto Pereira holds 99.8% of the shares of GAP, whose name plays his initials. The evidence that it does not exist abound. TIME has obtained a copy of the identity card used by George Augusto Pereira. The document contains a crude forgery. According to the Institute of Identification Félix Pacheco, the number of ID and date of issuance of the portfolio are not a person named George. They correspond to a woman Paraiba, a 48-year-old resident of a poor neighborhood of São Gonçalo, metropolitan region of Rio Interviewed by TIME, Josefa Gomes dos Santos Carvalho said he does not understand how someone else could use your RG, for never lost the document. George Augusto Pereira RG have not - and this is not the only role that you lack. George has luxury trucks and traffic fines, but no driver's license. On the last day May 6, he completed 42 years of age, but never took voter.

One thing in the life of George is hauntingly real: money that irrigates the accounts of GAP. To open a bank account, George needed a CPF - CPF and was taken away from the false identity document. The same appears on your CPF statement of Income Tax. TIME has obtained the document for the year 2011, reporting an annual income of just $ 23,000 - and not list any capital asset. If it existed, would be a George evader. The assets of your company totaled R $ 5.5 million, the GAP has received £ 32 million from the City of Campos and still has a contract for $ 15 million in place with the municipality. None of this is stated. In August 2011, the Public Ministry of Rio pointed a fraud in contracting the GAP by the city, with favoritism in the bidding and payment of amounts overpaid.

When the documents emerged revealing that George did not exist, PERIOD rescued recording an interview by businessman supernatural in June 2011. The call was answered, on occasion, by a secretary, who transferred the call to a man hoarsely. To unravel the mystery of the call from George, TIME asked the expert Ricardo Molina analyze the voice of the person who called doing to pass the owner of GAP. There was another audio comparison. Last month, TIME recorded a telephone interview with Trabach Fernando Gomes, who served for the party's campaign for Little in 2010. During the conversation, Trabach identified as commercial director of Metta network stations, supplying fuel for the PR campaign. Face, drew attention to the Secretary of Trabach was the same as had noted the comment for George in 2011.



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